A aula

A aula  é um drama cômico, o qual satiriza o autoritarismo dos diversos setores da sociedade. Mescla ironia e nonsense com elementos da contradição, proliferação, repetição, circularidade, permutabilidade e futilidade, trazendo à tona a questão do oprimido e do opressor, dos perigos do ambiente onde constitui-se repressão em vez de articulação. A aula é a metáfora do controle imposto pela autocracia, aniquilando as possibilidades de escolha da sociedade. A ação está condensada em uma aula particular onde cada personagem representa simbolicamente as classes sociais contemporâneas. A casa de um professor é o lugar de toda a ação. É também a metáfora do poder. É esse, o lugar íntimo, habitado por verdadeiras intenções, sejam conscientes ou inconscientes. É um lugar de convivência, de privacidade, de descontração, mas também, de pensamentos e de atitudes que aparentemente não são expostas ao mundo. É no privativo que se desenrolam as decisões mais fechadas e menos democráticas.  

Sendo assim, A aula, é uma síntese de um mundo contemporâneo em que o tempo todo está à mercê de cabeças que impõem seus métodos e suas fórmulas como soluções para um mundo melhor, com base nos interesses utilitaristas, pouco transparentes, sem preocupações com os efeitos ou sequelas de suas atitudes na condução das vidas nas comunidades. 

Em A aula, o personagem Professor mostra as tendências da consciência reacionária, especialmente o raciocínio reducionista para oprimir e destruir o que ainda floresce, representada pela Aluna. A repressão do instinto (desejos do professor) é retratada pela voz da empregada. 

Na relação tradicional professor/aluno considera-se que a função do professor é instruir e iluminar o aluno. O aluno procura seu professor para melhor compreender os aspectos de si mesmo e de sua realidade. O professor instrui com base nas necessidades do aluno e permite-lhe construir e atingir a sua capacidade máxima de grandeza intelectual e espiritual. No caso da peça em questão, o professor inicia sua aula tranquilo e cauteloso, mas com o decorrer das ações, a educação torna-se uma forma de controle e dominação.

A educação transforma-se em um processo de repressão por meio da estrutura autoritária do Professor, o qual aniquila a vontade da Aluna. A estudante prova ser "um professor melhor" na tentativa de explorar o campo das dúvidas e incertezas em face a uma estrutura de autoridade que procura controlar e não educar. Dessa forma, a relação aluna/professor é usada para refletir de como são invertidos os valores e expectativas sociais e o quanto se faz necessária uma mudança desses paradigmas.   

SINOPSE 
Um professor recebe em sua casa, para uma aula particular, uma aluna que precisa se preparar para prestar exames em três semanas. A aluna que em alguns momentos apresenta uma dificuldade profunda em aprender, e em outros , mostra muita perspicácia,  acaba estabelecendo junto ao professor, um estado absoluto de divergências e incomunicabilidade.  

FICHA TÉCNICA

Inspirada em La Leçon, de Eugène Ionesco 
Versão de Paulo Drumond e Marcya Harco
Direção - Paulo Drumond
Elenco - Marcya Harco e Paulo Drumond
Iluminação - Paulo Drumond
Trilha Sonora - Zero Freitas e Marcio Ribeiro
Gravação de Locução - Estúdio Toda Onda
Cenário e Figurino - Marcya Harco
Fotografia - Hélio Silva
Duração do Espetáculo - 60 Minutos
Faixa etária - a partir de 14 anos
Produção - Companhia Lúdica